Qual a diferença entre quilombolas e ribeirinhos?

Quando falamos sobre os povos tradicionais da Amazônia, é preciso considerar as diversas comunidades inseridas nesta definição. É preciso entender qual a diferença entre quilombolas e ribeirinhos. 

Ao falar de povos originários estamos falando dos ribeirinhos, quilombolas, pescadores e pequenos agricultores. Todos, de certa forma, mantêm um forte vínculo com a floresta. Já os indígenas, por exemplo, são povos tradicionais e costumam ser nomeados separadamente. Em sua maioria, vivem em grupos isolados pela floresta. 

Na história, os povos ribeirinhos e quilombolas foram para a floresta e região ou para trabalhar ou fugidos. Os ribeirinhos buscavam qualidade de vida, os quilombolas estavam fugindo da escravidão. As histórias são preservadas através das gerações e, estas, continuam vivendo nas florestas.

O povo ribeirinho da Amazônia e os quilombolas possuem histórias de origem diferentes. Preservam suas culturas e mantêm relações com a natureza. Neste post você conhecerá qual a diferença entre quilombolas e ribeirinhos.

Por fim, conhecerá um pouco sobre o projeto que a REDDA realiza em uma comunidade ribeirinha na Ilha do Marajó. 

Nesse post tem:

Povos Originários: Quem é o povo ribeirinho da Amazônia?

Os povos originários, ou tradicionais, moram nas proximidades dos rios, por isso são conhecidos como ribeirinhos. Em sua maioria, descendentes de imigrantes do Nordeste. A principal atividade de sobrevivência deles é a pesca artesanal e a caça. 

Os povos ribeirinhos são encontrados em diversas partes do Brasil, contudo, em maior quantidade na Amazônia. Além do forte vínculo com a natureza, esta população vive em casas sobre palafitas, reféns dos movimentos das águas.

Em épocas de cheias, as águas se transformam em ‘ruas’ e os pequenos barcos precisam ser usados também em curtas distâncias. Observe que, para o povo ribeirinho, o rio tem papel de protagonista na vida. Através dele se tira o sustento, a comida, se transita e se diverte. 

Clique aqui e conheça tudo sobre o povo ribeirinho da Amazônia.

Qual a diferença entre quilombolas e ribeirinhos?
Foto: Diego Imai

Povos Originários: Quem é o povo quilombola?

Os quilombolas são um grupo étnico-racial formado por descendentes de escravos fugitivos no período escravocrata brasileiro. São comunidades negras rurais que preservam seus costumes e cultura dos antepassados. Esse é um dos principais meios para saber qual a diferença entre quilombolas e ribeirinhos.

Apesar de a escravidão não ter sido expressiva na região da Amazônia, o negro participou da mão-de-obra na região. Na segunda metade do século 18, por exemplo, os escravos africanos foram levados para o Baixo Amazonas. Nesta região, serviam de mão-de-obra nas fazendas de gado e cacau.

A Amazônia abriga cerca de 150 das 3.500 comunidades quilombolas presentes no Brasil. Por isso, é preciso entender que elas não estão no passado. Elas existem e lutam constantemente pelos seus direitos. 

No Brasil, pelo menos 24 estados possuem uma comunidade.

Foto: Diego Imai

História

Na região da Amazônia, a presença de quilombolas surge em meados do século 18. A mão-de-obra escrava foi usada na produção agrícola em fazendas, por exemplo, na região de Oriximiná, no Pará. 

Espaços para acolher os negros escravos que fugiam das fazendas, os quilombos cresceram nas primeiras décadas da expansão do cacau.

A palavra quilombo é originária do continente africano, presente no idioma dos povos Bantu. O termo vem de kilombo que significa habitação, acampamento, lugar cercado e fortificado.

Como os quilombos eram pontos de apoio para proteção de escravos fugitivos, eram formados em lugares de difícil acesso. A maioria fica nas cabeceiras dos rios e as comunidades iam sendo construídas próximas umas às outras, para ajudar na proteção.  

O Quilombo dos Palmares foi o maior quilombo no período colonial, com cerca de 20 mil habitantes. Foi construído no estado de Alagoas, sendo o grande símbolo da resistência dos escravos. O líder, Zumbi, foi morto em 1695 em uma emboscada, um ano após a destruição de Quilombo dos Palmares. 

As regiões onde estão as comunidades quilombolas tendem a ser bem preservadas. Como os recursos naturais são essenciais, eles utilizam com cuidado. Por isso é possível afirmar que a presença dos quilombolas ajudou na preservação do ecossistema.

No município de Oriximiná, no Pará, vivem cerca de 10.000 quilombolas distribuídos nas 37 comunidades rurais. No Amazonas, a primeira comunidade quilombola reconhecida foi a Quilombola do Tambor, no município de Novo Airão. Apesar dos avanços, ainda existem muitas comunidades não reconhecidas, inclusive no Amazonas. 

Onde vivem

Os quilombolas vivem em diversas partes do Brasil, normalmente em comunidades rurais próximas aos rios. O Brasil regularizou 137 terras quilombolas, contudo ainda há muito para regularizar. As comunidades quilombolas estão presentes em pelo menos 24 estados brasileiros. 

Entre os estados com comunidades quilombolas estão: Amazonas, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

São formadas por casas e centros comunitários com as principais necessidades da comunidade. A maioria mantém um estilo de vida integrado com a natureza. Alguns povos quilombolas vivem afastados dos centros urbanos, enquanto outros vivem próximos. 

Para as comunidades quilombolas serem reconhecidas é preciso criar uma associação. Esta recebe um título coletivo, na Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná, onde se reúnem sete associações. 

A ARQMO auxilia as comunidades quilombolas da região do Pará.   

Dos títulos reunidos pela ARQMO, cinco estão tituladas e duas estão em processo de titulação, são elas:

  • ACORQAT – Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos da Área Trombetas;
  • ACRQBV – Associação da Comunidade Remanescente de Quilombo Boa Vista;
  • ACRQAF – Associação da Comunidade Remanescente de Quilombo Água Fria;
  • ACORQE – Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos da Área Erepecuru;
  • Associação MÃE DOMINGAS Território Alto Trombetas I;
  • ACRQAT – Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombo do Alto Trombetas II do Município de Oriximiná;
  • ACORQA – Associação da Comunidade Remanescente de Quilombo Ariramba.

Nestas sete associações, existem 36 comunidades. A titulação e organização delas é importante para a autogestão das áreas quilombolas e um desenvolvimento sustentável. Além das questões burocráticas, as comunidades quilombolas e ribeirinhas na Amazônia sofrem diretamente devido ao desmatamento na Amazônia.  

Tradição e Cultura

A diferença entre quilombolas e ribeirinhos está na ancestralidade, na tradição e cultura dos povos. Contudo, ambos os povos são semelhantes no sentido de viverem integradamente com a natureza. Eles vivem próximos aos rios e da agricultura de subsistência.

Os quilombolas mantêm a tradição e cultura viva, passando a história através das gerações. Estão continuamente lutando por seus direitos. É um povo que gosta de dança e música, são artes que ajudam a manter a história do povo viva. Através da música eles contam suas histórias.

Além disso, mantém festas tradicionais como resultado de muitas influências: negra, indígena e católica. Entre as festas tradicionais estão a de Santa Bárbara e a da Ramada. A Festa da Ramada é a tradicional celebração da vida e da fartura. A festa dura três dias, tem ladainhas e café da manhã compartilhado.

As festas são importantes para a longevidade da cultura dos povos. Na Festa da Ramada, por exemplo, a bebida é feita de mandioca com banana-branca, mais conhecida como Manicuera.

A mandioca tem presença marcante na dieta dos quilombolas, além do feijão, batata, arroz e frutas nativas. A pesca também está presente nos pratos dos quilombolas. No esporte, os quilombolas praticam corrida rústica, mergulho, futebol, jogos de mesa e até canoagem.

Vale lembrar que algumas comunidades quilombolas inseriram hábitos modernos no dia a dia. Por isso, é possível encontrar comunidades com televisão e outras tecnologias. Além disso, as tradições podem mudar conforme a região da comunidade.

Por fim, é possível afirmar que as comunidades quilombolas são ricas em cultura e tradição. Saiba mais sobre projetos quilombolas em Comissão Pró-Índio de São Paulo. E informações interessantes sobre as interações dos povos na Amazônia em Uni Amazônia.

Conheça como a REDDA e você pode ajudar a preservar os povos tradicionais da Amazônia

A REDDA é uma organização que preserva os povos tradicionais da Amazônia. Os projetos da REDDA são pensados de modo a minimizar os impactos ambientais e valorizar as culturas originárias. Tudo é feito apoiado em mecanismos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal, o REDD.

Um dos projetos da REDDA acontece em Portel, no Pará. É uma comunidade ribeirinha em que está sendo investido ações para o desenvolvimento sustentável. A proposta é conseguir integrar o bem-estar social, ambiental e econômico da região. Criando uma comunidade autossuficiente sem negar a importância dos recursos naturais. 

Pensando na importância destas ações integrativas para uma cidade sustentável, a REDDA usa os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Desta forma, as metas da REDDA estão atreladas à necessidade local e global. É uma forma de cooperar com o crescimento de comunidades sem ignorar o bem-estar do hoje e do amanhã.

Através destes projetos, a REDDA acredita ser possível equilibrar as relações geracionais. Além de investir em atividades para redução da emissão de carbono, auxiliando a frear o aquecimento global. 

Entenda mais sobre o aquecimento global em nosso post Qual a diferença entre aquecimento global e efeito estufa?

Redda Crédito de Carbono Compensação de Carbono
Foto: Diego Imai

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